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Representantes do Brasil estão entre os cinco principais grupos no Web Summit

Mais de 70 mil pessoas se inscreveram para o evento, um recorde


Um homem, fundador da Liax, sorri enquanto cruza os braços, vestindo um terno e um crachá. O ambiente ao seu redor é um estande ou área de exposição, com divisórias e elementos decorativos.

Lisboa — Nos cinco pavilhões usados para abrigar 71 mil pessoas no Web Summit, um dos maiores eventos de tecnologia do mundo, o sotaque brasileiro está espalhado por todos os cantos. A presença de empresários, investidores, ouvintes, palestrantes e fundadores de startups do Brasil é tão forte, que, durante a abertura da feira, na terça-feira (1/11), Paddy Cosgrave, criador da marca, recorreu às eleições brasileiras para tentar entreter o público durante um incidente que, por pouco, não acabou em tragédia. Uma das câmaras de filmagens que estava no teto do gigantesco estádio Altice se soltou e só não atingiu quem estava no auditório porque, no último instante, o cabo de segurança funcionou.


Para tentar desanuviar o clima, Paddy puxou conversa sobre a vitória do petista Luiz Inácio Lula da Silva para a Presidência do Brasil. Parte dos presentes o aplaudiu, parte o vaiou. Paddy sabia bem o que estava fazendo: os brasileiros estão entre os cinco principais grupos que lotam os pavilhões da feira. Além, é claro, de a vitória de Lula sobre o presidente Jair Bolsonaro (PL), que tentava a reeleição, estar dominando as manchetes de jornais e tevês de todo o planeta, os cidadãos oriundos do Brasil são muito participativos — até um tanto barulhentos, o que, se ressalte, é visto como virtude em eventos como o Web Summit, terá sua versão tupiniquim em maio de 2023, no Rio de Janeiro.


Sustos e política à parte, os presentes não têm do que reclamar. Que o diga o brasiliense Vinícius Postai, fundador do grupo empresarial Moai. Com a agenda lotada nos quatro dias de feira, o objetivo é reunir o máximo de conhecimento possível das tecnologias disponíveis para reforçar seus negócios. A Moai, contou ele, tem como principal missão apoiar empresas em processos decisórios e resolver problemas do dia a dia que, muitas vezes, demandam atenção excessiva dos sócios, quando eles poderiam estar concentrados nas estratégias de crescimento de suas operações e, por consequência, dos seus lucros.

Um homem sorri em pé na frente de uma grande tela de exibição. Ele usa uma blusa de manga longa preta e um cordão com um crachá. O cenário é de um evento com outros participantes visíveis ao fundo.

“Neste mundo cada vez mais complexo e competitivo, todo apoio é muito bem-vindo”, disse Postai. A Moai oferece a mais de 450 empresas e empreendedores uma espécie de conselho de especialistas para a tomada de decisões estratégicas. A cada mês, há uma reunião em que os empresários apresentam aos conselhos seus desafios, o que está impactando seus negócios. Depois de ouvirem tudo o que foi apresentado, os conselheiros dizem o que fariam se estivessem no comando das empresas. “O sucesso dessas interações é tamanho, que 85% dos problemas são resolvidos”, afirmou. Mas não é só.


Postai ressaltou que os grupos também funcionam como importantes instrumentos para trocas de informações, tanto que 89% dos participantes já fecharam negócios entre si. “Trata-se de uma rede muito forte. Permite a captação de recursos, a indicação de funcionários, possíveis parcerias”, detalhou. “Quando chegamos em um banco, por exemplo, nos apresentamos como um grupo de mais de 450 empresas — algumas, com faturamento superior a R$ 200 milhões por ano. Isso dá um poder de negociação grande, de melhores condições para todos”, acrescentou.


A meta para o próximo ano é ambiciosa. A Moai entrará na área de educação, com o intuito de formar líderes e gestores. A parceria, fechada com o Iesb, prevê levar para as salas de aula casos reais de empresas, com todas os seus desafios, e não apenas teorias. “A realidade dos empresários é muito diferente. Queremos uma escola da vida real, com todos os recursos à disposição”, assinalou. De nada, acredita ele, formar pessoas que, quando se deparam com os problemas diários, têm dificuldades para enfrentá-los e solucioná-los.


Mão de obra

Petterson Paula, dono da Liax, com sede em Lorena, interior de São Paulo, disse que sua meta, no Web Summit, é reforçar suas ferramentas tecnológicas para oferecer à clientela, da qual fazem parte, por exemplo, a Gol e a Odontoprev. Ele destacou que, por tudo o que viu na feira, está convencido de que o Brasil ainda está engatinhando quando o assunto é Internet das coisas (IoT), realidade virtual e inteligência artificial, instrumentos que vão se tornar obrigatórios muito em breve para todo tipo de negócio.


“Não vendemos soluções prontas. Chegamos aos clientes para entender o que estão precisando. Para isso, no entanto, precisamos dispor do que há de mais avançado no mercado, e o mundo tecnológico está se renovando muito rápido”, destacou Petterson. A busca por inovações no evento em Lisboa está acompanhada de um projeto que se tornou prioritário para o empresário. Ele abrirá uma representação na capital portuguesa para formar mão de obra na área de tecnologia. “A escassez de profissionais nesta área é tão grande, que há risco de o Brasil não conseguir mais suprir a demanda”, afirmou.


O motivo é que as principais economias do mundo estão oferecendo salários em dólares e em euros para especialistas em tecnologia. E as empresas brasileiras não têm como competir. “Então, quero estar em Portugal não só para formar, mas para reter talentos. Hoje, pode-se trabalhar de qualquer lugar do mundo na área de tecnologia”, frisou. Ele ressaltou ainda que há um mundo a ser explorado pelas empresas que atuam nesse setor, como entre as prefeituras, que terão de digitalizar toda a documentação por determinação dos tribunais de contas. “Portanto, teremos que formar muita gente.”


Sobrevivência

Diretor de Operações (COO) da TQI, Cristiano Oliveira disse que a demanda por soluções pelas empresas é crescente. “Negócios de todos os tipos estão passando por uma fase que chamamos de reconstrução, e a tecnologia tem papel fundamental nesse processo”, ressaltou. As firmas, independentemente do tamanho, não terão como escapar desse futuro que está batendo à porta de todos. “É questão de sobrevivência. É aí que entra a nossa missão, oferecer soluções para cada cliente. Queremos que as empresas nos deixem ajudá-las”, reforçou.

Um homem vestido com um blazer azul e uma camisa rosa está parado em um ambiente movimentado de conferência. Ele usa um crachá, e o fundo inclui várias outras pessoas.

Ele lembrou que a pandemia do novo coronavírus escancarou o quanto os negócios querem ser tech. “O foco não será mais nas pessoas, se estão cumprindo horários, mas no que entregam e como entregam. Isso traz um diferencial de competitividade, destacou. “Transformar os negócios é estar em linha com o mercado. Inovação não é só criar, é ter uma estratégia e executá-la. Não se trata, porém, de um movimento de curto prazo. Pelo contrário”, explicou. Para o executivo, muitas empresas resistem em mudar, mas com a realidade atual, todo o aparato tecnológico disponível, é preciso se mexer o tempo todo.


“O mercado está mudando muito rápido. O que importa é agregar valor”, disse. Portanto, deixar as oportunidades passarem pode custar caro mais logo ali na frente. “Felizmente, estamos vendo disposição por parte de empresas de todos os setores em se transformarem. Nós atuamos, principalmente, nos ramos financeiros, de telecomunicações e de serviços. E há um engajamento em fazer o que é preciso”, frisou.

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